segunda-feira, 6 de julho de 2015

ABOUT FASCIAL MANIPULATION


Manipulação Fascial© é uma terapia manual que foi desenvolvida por Luigi Stecco, um fisioterapeuta italiano do norte da Itália. Este método se desenvolveu nos últimos 35 anos através do estudo e da prática no tratamento de um vasto número de casos de problemas musculoesqueléticos.
Ele enfoca a fáscia, particularmente a fáscia muscular profunda, inclusive o epimísio
e o retináculo e considera que o sistema miofascial é um continuum tridimensional. Nos últimos anos, através da colaboração com a Faculdade de Anatomia da Universidade René Descartes de Paris, na França, e com a Universidade de Pádua, na Itália, a Dra. Carla Stecco e o Dr. Antoio Stecco realizaram extensa pesquisa sobre a anatomia e histologia da fáscia através da dissecação de cadáveres não embalsamados. Essas dissecações aprimoraram o modelo biomecânico pré-existente elaborado por Luigi Stecco (1,2), ao fornecer novos dados  histológicos e anatômicos.
Essa técnica apresenta um modelo biomecânico completo que ajuda a decifrar o papel da fáscia em disfunções muscoesqueléticos. A linha mestre desta técnica manual baseia-se na identificação de uma área específica e localizada da fáscia em conexão com um específico movimento limitado. Uma vez que o movimento limitado ou dolorido é identificado, então um ponto específico da fáscia é associado e, através da manipulação apropriada desta parte precisa da fáscia, o movimento pode ser restaurado. 
  De fato, ao analisar a anatomia muscoesquelética, Luigi Stecco notou que o corpo pode ser dividido em 14 segmentos e que cada segmento do corpo é essencialmente servido por seis unidades miofasciais (unidades mf) que consistem de fibras musculares unidirecionais biarticulares e monoarticulares,sua fáscia profunda (inclusive o epimysium) e a articulação que eles movem em uma direção ou plano. Muitas fibras musculares se originam da própria fáscia (3, 4) e, por sua vez, as inserções miofasciais se prolongam entre grupos musculares diferentes para formar sequências miofasciais. Portanto, unidades miofasciais unidirecionais adjacentes são unidas através de expansões miotendinosas e fibras biarticulares (3) para formar sequências miofasciais.
Enquanto parte da fáscia está ligada ao osso, outra parte também está livre para deslizar. A parte livre da fáscia permite a tração muscular, ou os vetores miofasciais, a convergir para um ponto específico chamado Centro de Coordenação vetorial ou CC (5). A localização de cada CC foi calculada levando-se em conta a soma das forças vetoriais envolvidas na execução de cada movimento. Os seis movimentos realizados nos três planos espaciais são raramente executados separadamente, porém, mais comumente, são combinados em conjunto para formar trajetórias intermediárias, semelhantes a padrões PNF. Com o intuito de sincronizar esses movimentos complexos, outros pontos específicos da fáscia (frequentemente sobre o retináculo) foram identificados e, em seguida, chamados Centros de Fusão ou CF.
A fáscia é formada por fibras de colágeno onduladas e fibras elásticas arranjadas em camadas distintas e dentro de cada camada as fibras são alinhadas em diferentes direções. Devido a essas fibras onduladas de colágeno, a fáscia pode ser esticada e, graças às suas fibras elásticas, ela pode então retornar ao seu estado original de repouso. Dado que a fáscia se adapta ao alongamento muscular, ela não consegue transmitir força como um tendão ou uma aponeurose. Se essas distinções histológicas e funcionais não forem levadas em consideração, então se pode confundir fáscia com aponeurose ou, da mesma forma, confundir a fáscia profunda com o tecido conectivo subcutâneo (fáscia superficial). O tecido conectivo subcutâneo forma uma membrana muito elástica e deslizante, essencial para a regulação térmica, mudanças metabólicas e proteção de vasos e nervos, enquanto que a fáscia profunda envolve os músculos e cerca a aponeurose do músculo até o ponto em que ele se insere no osso. Os estudos anatômicos mencionados acima demonstraram, entretanto, diferenças entre a fáscia profunda do tronco e dos membros (6). A primeira é formada por três camadas, cada uma das quais inclui ou circunda grupos diferentes de músculos, a saber, uma camada superficial (latíssimo do dorso, glúteo máximo, oblíquos externos), uma camada média (serratil posterior inferior e superior, iliocostal) e uma camada profunda (interespinal, intertransversários, multifidos, transverso do abdômen). Nos membros, a fáscia profunda é particularmente grossa, assemelhando-se a uma aponeurose, e é bem organizada, conectando e integrando os músculos dos membros inferiores através das suas fibras de colágeno arranjadas em sequências e formações espirais.
Acredita-se que a fáscia ricamente enervada (7) pode ser mantida em um estado de repouso de tensão devido a diferentes fibras musculares que se inserem dentro dela. Devido a este estado de repouso ideal, ou tensão basal da fáscia, as terminações nervosas livres e os receptores dentro do tecido da fáscia são aparelhados para perceber qualquer variação de tensão e, portanto, qualquer movimento do corpo, sempre que isso ocorre.  
A fáscia profunda é a estrutura ideal para perceber e, consequentemente, ajudar na organização de movimentos. De fato, um vetor ou impulso aferente não tem maior significado para o Sistema Nervoso Central do qualquer outro vetor a menos que esses vetores sejam mapeados e que lhes seja dado um significado espacial. Em seres humanos, a complexidade da atividade física é, em parte, determinada pela sincronia cruzada entre os membros e a variedade refinada dos gestos. Aferentes localizados na fáscia são estimulados, produzindo informação direcional precisa. Qualquer impedimento no deslizamento da fáscia pode alterar o input do aferente, resultando em movimento incoerente.
Acredita-se que a fáscia esteja envolvida na propriocepção e controle motor periférico em colaboração estreita com o SNC.
Implicações Terapêuticas
A fáscia é muito extensa e, dessa forma, seria difícil e pouco apropriado trabalhar sobre a área inteira. A localização de pontos precisos ou áreas chave pode tornar a manipulação mais efetiva. Uma análise precisa das conexões miofasciais baseada em um entendimento da anatomia fascial pode fornecer indicações de onde é melhor intervir. Qualquer alteração não fisiológica da fáscia profunda pode causar mudanças tensionais ao longo de uma sequência relacionada, resultando em uma ativação incorreta dos receptores nervosos, movimentos não coordenados e consequentes aferentes nociceptivos. Massagem profunda nesses pontos específicos (CC e FC) visa restabelecer o equilíbrio tensional. A tensão compensatória pode se estender ao longo de uma sequência miofascial, então a continuidade miofascial poderia estar envolvida na referência da dor ao longo de um membro ou à distância, até mesmo na ausência de um problema específico de raiz/origem neural. Na prática clínica, casos de dores do tipo ciático e a cervicobraquialgia sem irritação detectável de raiz neural são comuns (8).
Esta técnica permite que terapeutas trabalhem à distância do local definido da dor, que está geralmente inflamado devido à tensão não fisiológica. Para cada unidade mf, a área aonde a dor é normalmente sentida foi mapeada e é conhecida como Centro de Percepção (CP). Na verdade, é importante prestar atenção à causa da dor, rastreando a origem dessa tensão anômala ou, mais especificamente, ao CC ou FC localizado dentro da fáscia profunda.   
Referências
1. Stecco L Fascial Manipulation for Musculoskeletal pain, Piccin, 2004
2. Stecco L & C. Fascial Manipulation Practical Part, Piccin , 2009. 
3. Stecco C, Gagey O, Macchi V, Porzionato A, De Caro R, Aldegheri R, Delmas V.
Tendinous muscular insertions onto the deep fascia of the upper limb. First part: anatomical study.
Morphologie. 2007 Mar;91(292):29-37. PMID: 17574470 [PubMed - in process]
4. Stecco C, Porzionato A, Macchi V, Stecco A, Vigato E, Parenti A, Delmas V, Aldegheri R, De Caro R. 
The Expansions of the Pectoral Girdle Muscles onto the Brachial Fascia: Morphological Aspects and Spatial Disposition.
Cells Tissues Organs. 2008 Mar 19; [Epub ahead of print] 
PMID: 18349526 [PubMed - as supplied by publisher]
5Alessandro Pedrelli, Carla Stecco, Julie Ann Day
Treating patellar tendinopathy with Fascial Manipulation
J Bodyw Mov Ther. 2009 Jan;13(1):73-80. Epub 2008 Jul 26.
PMID: 19118795 [PubMed - indexed for MEDLINE]
6. A. Stecco · V. Macchi · S. Masiero · A. Porzionato ·C. Tiengo · C. Stecco · V. Delmas · R. De Caro
Pectoral and femoral fasciae: common aspects and regional specializations
Surg Radiol Anat 2008 DOI 10.1007/s00276-008-0395-5 
7. Stecco C, Gagey O, Belloni A, Pozzuoli A, Porzionato A, Macchi V, Aldegheri R, De Caro R, Delmas V.
Anatomy of the deep fascia of the upper limb. Second part: study of innervation.
Morphologie. 2007 Mar;91(292):38-43. PMID: 17574469 [PubMed - in process]
8) Day JA, Stecco C, Stecco A.
Application of Fascial Manipulation technique in chronic shoulder pain--anatomical basis and clinical implications.
J Bodyw Mov Ther. 2009 Apr;13(2):128-35. Epub 2008 Jun 24. PMID: 19329049 [PubMed - in process]

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